Alzheimer mais frequente em mulheres

Especialistas dizem que Alzheimer tem sido mais frequente em mulheres. O envelhecimento é um dos fatores que contribuem para o aparecimento de alguma forma de demência. As mulheres estão vivendo mais e, portanto, podem estar mais susceptíveis.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cinquenta e cinco milhões de pessoas, pelo mundo, tem alguma forma de demência. A mais comum delas é a doença de Alzheimer, e cerca de 10 milhões de novos casos são diagnosticados por ano. Estima-se ainda que um dos principais fatores de risco para essa condição é o envelhecimento.

Em entrevista, os especialistas Ricardo Nitrini, professor titular de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e Orestes Forlenza, professor titular de Psiquiatria também da faculdade de Medicina USP, explicaram que cerca de 60 a 70% dos casos de demência são Alzheimer, pois é a forma mais comum encontrada. Segundo eles, existe um aumento significativo no número de mulheres diagnosticadas pela doença em relação ao número de homens nessa condição.

Forlenza diz que: “Demência é um termo abrangente que inclui várias doenças degenerativas, sendo que a mais importante é a doença de Alzheimer. Nela, se costuma observar de maneira bastante consistente um aumento do número de mulheres em relação ao número de homens. ” Porém, reforça que não há uma explicação exata para isso.

O especialista ainda afirma que: “Pode refletir simplesmente o fato de que as mulheres vivem mais do que os homens, e a idade é um forte fator de risco para a doença de Alzheimer. Mas também outros aspectos genéticos e fisiológicos que a mulher apresenta, diferente dos homens. Porém, essa diferença tende a desaparecer em outras demências não-Alzheimer”.

Primeiros sintomas

No caso do Alzheimer, o esquecimento é o sintoma mais importante da doença. Nitrini afirma que “É esquecimento para fatos recentes: o indivíduo não se lembra bem do que aconteceu nos últimos dias. A memória para fatos antigos, geralmente, fica preservada”.

 Ainda segundo o especialista, após o esquecimento, costumam aparecer dificuldades na programação de atividades rotineiras. Ele exemplifica: “Dando um exemplo bem simples: o indivíduo vai preparar o café. A primeira coisa que ele tem que fazer é pôr a água para ferver. Enquanto isso, ele vai fazendo os outros passos. Essa programação é meio automática. E a pessoas começa a perder essa possibilidade de executar essas funções”.  

Posteriormente, podem surgir outros sintomas cognitivos e comportamentais, como as dificuldades de linguagem, que pode aparecer, inclusive, de forma simultânea ao esquecimento.

Alguns sintomas comportamentais, entretanto, podem ocorrer bem antes de qualquer sinal de esquecimento. Forlenza afirma: “Às vezes, antes mesmo de ocorrerem as perdas cognitivas, a pessoa já apresenta alterações de personalidade, alterações comportamentais, depressão, psicose, eventualmente”. E complementa: “Ao longo da trajetória clínica da doença, à medida que os sintomas cognitivos vão se acentuando, também vão surgindo manifestações ou complicações psiquiátricas”.

Prevenção

Adotar medidas para prevenir a demência e o Alzheimer é muito importante, alerta os especialistas. Nitrini explica: “Atividade intelectual, atividade física, audição preservada, visão preservada, colesterol controlado. A socialização é muito importante, não ficar no sofá em casa, envelhecendo, sem atividade”.

Conforme dados da OMS, em 2019 as doenças consideradas como demências custaram cerca de US$ 1,3 trilhão às economias globais. Aproximadamente, metade desse valor é atribuído à cuidadores informais. São os familiares ou amigos próximos desses pacientes que, por vezes, se dedicam aos cuidados e supervisão dos adoentados, deixando de trabalhar.

O neurologista alerta que: “O Alzheimer cria um problema social enorme, pela frequência. Usando um exemplo que eu costumo utilizar: imagine uma senhora que tenha dois filhos e que trabalhe, e cuja mãe, uma senhora idosa, começa a apresentar sinais. Como é que ela vai fazer com a mãe dela, que está com uma demência? Aos poucos, essa pessoa não vai poder viver só”. Ainda acrescenta que a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e outras Demências tem muita importância. Essa política foi estabelecida por lei, após ser aprovada em junho de 2024.

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